A segunda live da série O seu Porto no futuro trouxe o publicitário Alvaro, gestor do Buraco do Padre, para falar sobre tendências e comportamento do setor de turismo. Fundado em 2015 como parque, o Buraco do Padre está localizado em Ponta Grossa, no Paraná, dentro de uma área privada, com produção agrícola e faz parte do polígono do Parque Nacional dos Campos Gerais.
Hoje conta com estrutura completa de segurança, alimentação e diversas atrações de turismo como visitação à furna, tirolesa, escalada, piquenique, fenda da freira e experiência noturna. Mas nem sempre foi assim, o local sempre fez parte da cultura local, antes preferido pela população mais ligada ao turismo de aventura como escaladores. Com o crescimento da internet o lugar se tornou cada vez mais popular, mas a visitação desorganizada e em alto volume trouxe degradação ambiental e começou a prejudicar a reputação da empresa da família dona da propriedade.
A empresa passou a ser percebida como irresponsável, com esse estímulo a família iniciou o projeto para reverter o processo de degradação ambiental e criar uma estrutura para fornecer segurança e preservação no Buraco do Padre. Neste momento foi feito o primeiro investimento em marca (feita pela Porto 😃 ) onde o desafio era mostrar que havia regras agora e que isso trazia uma série de benefícios, entre eles a segurança.
A pandemia fez com que as pessoas ficassem muito longe do verde, tudo muito tech, muito urbano, muito rápido. Quando houve uma certa flexibilização na pandemia, o turismo de natureza recebeu uma avalanche de visitantes, as pessoas precisavam de natureza.
Mas o aumento de volume de pessoas mais uma vez exigiu um novo posicionamento. As pessoas levavam churrasqueiras, coolers, cachorros e isso já não condizia mais com o posicionamento de valorização do contato com a natureza que o Buraco do Padre entendia que era sua essência. Era preciso viver aquele momento de outra forma.
Era necessário enxergar o parque como um “monumento natural” e não mais como um balneário como era antes. Quando se trata de turismo de natureza em ambientes únicos, os visitantes precisam entender que muitas vezes precisam abrir mão de algumas coisas para ter o privilégio de estar ali. Tudo o que acontece ali impacta diretamente na fauna, flora e geologia locais.
Sempre que o parque vai desenvolver novas atrações, são analisados dois aspectos:
Conservação: as atividades devem sempre respeitar a preservação do ambiente, esse sempre é o primeiro critério a ser considerado
Experiência: entender se o cliente acha a atividade relevante e se ela vai despertar nos visitantes um momento de reflexão com a natureza
A experiência de marca em turismo de natureza depende de muitos fatores que não estão no controle da administração, como fatores climáticos e por isso o trabalho deve ser mostrado sempre. Assim os visitantes conseguem entender o motivo que leva a gestão a tomar as decisões.
Diariamente todas as atividades são monitoradas para avaliar os riscos da operação e garantir a segurança dos visitantes. Reputação ganha-se às gotas e perde-se aos baldes e um acidente em um Parque de natureza pode ser gravíssimo para os visitantes e para a marca.
Segundo Alvaro, ele acredita que o turismo vem evoluindo e pode ser classificado em três tipos de integração das pessoas. A forma como o turista interage com o espaço mudou e isso demanda novas atrações e um novo olhar sob o negócio.
Buraco do Padre: queria ver a furna – cachoeira
Paris: ver a torre eiffel
Buraco do Padre: sentir emoção
Paris: Fazer um piquenique em frente à Torre Eiffel, com uma baguete, queijos e vinhos franceses
É o que estamos vivendo hoje, por isso o sucesso do AirBnB já que as pessoas podem se hospedar em um bairro residencial, visitar negócios que não são pensados para turistas, viver a vida de um local.
Buraco do Padre: além de oferecer todas as atrações que oferece hoje, trabalhar com educação ambiental, plantação de mudas de árvores nativas
Paris: fazer o piquenique mas afetar alguém da comunidade local, mutirão de limpeza para impactar o entorno, etc
As pessoas têm uma percepção de que turismo de natureza deve ser gratuito, não enxergam os custos e que estão envolvidos na administração de uma estrutura organizada de um parque como o Buraco do Padre. Segundo Alvaro, isso se deve ao histórico no Brasil de abertura de muitos parques do governo que não tinham manutenção, que trouxeram uma percepção errônea de falta de estrutura e de abandono.
No Brasil, o cenário de ilegalidade nas atividades de turismo de natureza sempre foi muito grande também. Em muitos casos havia um capataz de uma fazenda que recebia um ingresso de maneira informal. Era terra de ninguém, zero estrutura e zero experiência. Muitas pessoas acreditam que por não ser construído pelo homem, que é de todos – deveria ser gratuito.
Mas é importante lembrarmos que as pessoas protegem o que conhecem, por isso os parques não devem ser fechados. A gente cuida do que a gente gosta.
Segundo o Sr Ferdinando, proprietário da fazenda que abriga o parque e “A gente tem que participar da natureza, se apaixonar” e esse é o olhar que o Buraco do Padre tem, acredita que quando mais pessoas tiverem contato com a natureza, mais irão valorizar esse momento, o espaço e estrutura.
Há muito potencial para o crescimento desse tipo de turismo já que o Brasil foi considerado como melhor destino de turismo de aventura segundo relatório divulgado pelo US News & World Report. Existem normas ABNT que regulamentam esse turismo e podem auxiliar na experiência.
O desafio fica por conta de como contar tudo o que envolve o dia a dia de manutenção de um parque de forma interessante e envolvente, já que as pessoas buscam estar o tempo todo entretidas. É preciso criar maneiras interativas de comunicar isso no parque, como jogos ou ações de comunicação onde a pessoa descubra o que é feito e atrelar isso à imagem da marca, trazendo mais valor para ela.
O Alvaro nos contou que quando os visitantes caminham pelo parque percebem o carinho com que a gente cuida do parque, falam sobre isso espontaneamente para a equipe. Ele acredita que o storytelling é uma ferramenta interessante para passar tudo o que cerca a marca do Buraco do Padre de forma envolvente.
Turismo on demand, você assina um pacote mensal que te permitirá usufruir de algumas atividades como hotéis, experiências e até atividades locais. Conforme você paga, acumula bônus que permitem que você consiga acessar esses serviços.
Essa modalidade de turismo é diferente da multipropriedade como Candeias ou Pousada do Rio Quente, onde você compra um pedaço do empreendimento e pode usar uma vez no ano. Aqui falamos 100% sobre compra de serviços e não imóveis.
Com grandes volumes de contratantes o operador consegue trabalhar com tarifas melhores e a pessoa não precisa planejar tanto, pode decidir de um dia para o outro e acessar os seus créditos. O interessante dessa tendência é que ela não funciona somente para quem busca “poupar” um dinheiro no orçamento mensal para esse tipo de investimento, mas há também soluções de luxo que exploram o mesmo mecanismo de negócio. Muito provavelmente porque estamos acostumados a investir mensalmente em itens de lazer como Spotify, Netflix, locação de carro e de casa, o turismo acaba sendo mais um dos itens.
Segundo Alvaro, o Buraco do Padre acredita que eles (e outros negócios de natureza) podem impactar a sociedade em quatro aspectos.
Local:
Geração de renda através de contratação de equipe em um local com poucas oportunidade – mais afastado da cidade.
Começou com um e hoje já tem 30 colaboradores – aqui já são diversas pessoas impactadas diretamente pela marca.
Entorno:
Muitas atrações do entorno se desenvolveram com o crescimento do Burado do Padre.
Damos prioridade aos alimentos e fornecedores da região
Abrimos as portas para artesanato local.
Capacitação da equipe
Hotéis, postos de gasolina que são impactados pelo turismo local
Impacto no turista:
Transformação dos visitantes através do contato e experiência com a natureza. Isso traz uma sementinha de boas práticas, de respeitar a natureza, de entender a função da natureza.
Essa transformação foi traduzida na nova marca do Buraco do Padre, onde a mudança que a pessoa passa a partir da interação com a natureza é o centro do conceito.
Autoestima dos moradores da cidade:
Hoje o Buraco do Padre está em diversos rankings de lugares para se conhecer no Brasil e quando o Parque assina PONTA GROSSA embaixo da marca, linka essa experiência de alto nível com a cidade, gerando orgulho para quem vive na cidade.
Para nós foi uma grande alegria conversar com o Alvaro (foto) e entender um pouco mais sobre o setor de turismo, seus desafios e suas tendências.
Acompanhe a nossa série O seu Porto no futuro e fique por dentro das novidades de diversos setores, sempre de forma prática, leve e com quem está no mercado.
Dá uma olhada aqui para saber mais sobre o case de Branding do Buraco do Padre.
E se quiser saber os detalhes da identidade visual, confira o case no Behance!
Até mais!
Carlos Tavarnaro.
Diretor Tavarnaro Consultoria Imobiliária
O trabalho de branding ficou irretocável, motivou e engajou nossos colaboradores. A leveza da comunicação foi aprovada pelos clientes antigos e os novos passaram a se identificar mais com o nosso posicionamento.
Luciano Döll.
CEO InbixVentures
A metodologia ofertada para criar a identidade da marca com todas as suas perspectivas permitiu que, além da marca, nós mesmos nos identificássemos como negócio. Sabíamos que não havia chance de erro e que se houvessem ajustes seriam de sintonia fina.
Miguel Sanches Neto.
Reitor UEPG
O fundamental para o projeto de branding era unificar as duas marcas que a instituição utilizava e comunicar um modelo mais moderno de administrar. O processo de desenvolvimento foi longo e precisou de amadurecimento, porém a adesão instantânea à ela mostrou que ele foi muito exitoso.